A
Sabedoria Popular do Mercado Desbancada
Por Richard Gibbons
4
de março 2005
Tradução e adaptação de SER-
Fonte: http://www.fool.com/news/commentary/2005/commentary05030404.htm?ref=foolwatch
Investidores em valor são pessoas que pensam independentemente. Eles não
necessitam que a multidão valide suas idéias, mas também não agem contrariamente
apenas pela necessidade de ser diferente. Enquanto a Cisco (Nasdaq: CSCO) e a Nortel (NYSE: NTL) subiam na onda da bolha tecnológica de
1990, Warren Buffett era
criticado por estar fora de sintonia com a realidade da nova economia. Agora
que a bolha acabou, a companhia de Buffett, a Berkshire Hathaway (NYSE: BRK.A), está perto do preço mais
alto que já esteve em toda sua história,
enquanto os investidores na Cisco e na Nortel foram
massacrados.
Buffett não evitou os setores de tecnologia
apenas para ser contrário. A carteira da Berkshire
contém pilhas de grandes negócios comprados a preços razoáveis, não apenas
negócios baratos comprados quando ninguém mais queria. Companhias como a Coca-Cola
(NYSE: KO) e a Gillette (NYSE:G)
não podem ser consideradas guimbas de cigarro, mas
fizeram Buffett rico como nunca. O sucesso de Buffett pode ser atribuído a compras racionais feitas
dentro de um esquema baseado em valor.
Esta abordagem contrasta muito com o que é pregado pelo mercado, o que torna
interessante examinarmos, através da perspectiva de valor, o conhecimento
popular com que a indústria de investimentos bombardeia as pessoas diariamente.
"Se você estivesse fora do Mercado nos melhores 30 dias na última
década, você teria perdido dinheiro”.
Conselheiros de fundos
de investimentos sempre empregam esta estatística para fazer com que os
investidores permaneçam com eles no longo-prazo, apesar dos administradores terem
a tendência a “traders” – um
fundo de investimento tem um giro de carteira de 85%. Embora consternados e chocados com tanta hipocrisia
este é um hobby interessante, vale a pena ver o que existe atrás desse ditado.
A estatística é precisa:
$10.000 investidos no S&P 500 a uma década atrás valem hoje $25.000 (sem
contar os dividendos), retirados os 30 melhores dias valeriam apenas $7.700. Mas
antes de tirar conclusões precipitadas sobre o “market
timing”, considere a estatística oposta: se você estivesse fora do Mercado nos
30 piores dias teria $76.000. Se a primeira estatística diz que você deveria
permanecer investido o tempo todo, a segunda parece dizer que comprar e vender
para evitar os dias ruins é fundamental. E agora?
Nenhum dos dois casos é preciso. Embora a primeira seja largamente
utilizada como propaganda para fazer com que os investidores se mantenham
investidos nos fundos e desencorajar a venda. Existem várias boas razões para
ser um investidor de longo-prazo, incluindo o efeito da composição livre de impostos,
despesas reduzidas e risco reduzido. Mas esta estatística por si só não é uma
boa razão.
O que essa estatística quer dizer para o investidor
individual? Não fica claro, a não ser que você seja um “trader”,
que alguma sorte ou azar em alguns poucos dias podem causar efeitos dramáticos sobre
sua carteira.
Mas, como um investidor
em valor, eles me fazer pensar sobre a vantagem de se ter uma boa margem de
segurança. Comprando uma ação com
desconto em relação ao seu valor intrínseco, provavelmente estamos evitando o
pior da queda nesses 30 piores dias. E nosso resultado de longo-prazo tende a
ser superior.
"A tendência é
sua amiga”.
Essa pequena frase tenta resumir o momentum da Bolsa: As
ações que estão subindo tendem a continuar subindo e as ações que estão caindo
tende a continuar caindo. A lógica por trás desse ditado é uma combinação entre
crença e psicologia. A psicologia é que os investidores prefeririam comprar uma
ação que está subindo de maneira que ela seja empurrada cada vez mais para
cima. A crença é que se uma coisa está indo para cima, deve haver alguma razão
para isso, então ela deve continuar a subindo.
Esse tipo de raciocínio deve funcionar para “day-traders”, mas é um pouco bizarra dentro da perspectiva
de valor. Primeiro porquê se uma ação está indo para cima, tudo mais se
mantendo constante, ela se torna menos atrativa para os investidores em valor
porque está chegando perto, ou ultrapassando, seu valor intrínseco.
Seu upside é menor e seu downside é maior. Da mesma forma, uma ação que está caindo
torna-se mais atrativa porquê a margem de segurança e seu retorno em potencial
aumentam. Investidores em valor adoram comprar mercadorias quando elas entram
em promoção. Então a tendência não é amiga do investidor em valor, ela é, na
verdade, sua inimiga, como o Lobo
mau, Jar Jar Binks, ou a berserk koala.
O verdadeiro amigo do
investidor em valor são as vantagens competitivas e a margem de segurança. A
vantagem competitiva garante que a empresa irá se sair melhor que a concorrência
por um bom tempo, enquanto a margem de segurança reduz dramaticamente a chance
de um investidor em valor sofrer uma perda significante.
"Conserve
seus lucros e corte as suas perdas”.
Esta expressão é muito similar a “tendência amiga" citada acima (e com esse apelido, tem também algum parentesco
indesejável com “compre alto e venda mais alto ainda”, e “não segure uma faca
caindo"). Isso quer dizer que, se você está fazendo dinheiro com um investimento,
não venda rápido, mas se você está perdendo dinheiro então corra. Freqüentemente
é implementada junto com alguma regra de “stop-loss”,
como venda qualquer ação que caia mais de 10%.”A idéia tem um conceito central
atraente já que se você tiver o mesmo número de vencedoras e perdedoras, mas
conseguir fazer mais nas vencedoras, sairia lucrando”.
Embora, esses argumentos lidem sobre o mesmo assunto, o investimento em
momentum, eles ignoram a avaliação. O fato da ação ter
caído 10% abaixo do seu preço de compra não diz nada sobre o valor intrínseco
da companhia. Se a ação caiu por causa de notícias ruins que reduziram o seu
valor intrínseco, como foi o caso com as últimas notícias sobre Elan (NYSE: ELN), então fará sentido vender. Mas se a
ação tiver caído sem qualquer alteração nos seus fundamentos, então o
investidor em valor estará mais inclinado a aumentar sua posição do que
reduzir, uma vez que o upside aumetou e o downside diminuiu.
"O
mercado está sempre certo”.
Traders falam isso quando o mercado não está fazendo
aquilo que eles esperavam que fizesse. Isso geralmente quer dizer que os traders acreditam que seus motivos para estarem corretos
estão errados, porquê o mercado não se comportou conforme planejado. Conseqüentemente,
eles devem cortar suas perdas. Eu adoro essa expressão porquê ela é muito
pessimista. Faz-me lembrar do Bizonho (NT - o burro
sem rabo do desenho o Ursinho Pooh de W. Disney): “- Eu
estava tentando prever para onde aquela ação estava indo, mas eu estava errado.
Tudo bem”.
Investidores em valor acham essa frase pouco familiar. O
mercado está ocasionalmente certo, mas na maioria das vezes tende a ser
bipolar, com ações sendo vendidas acima ou abaixo do seu valor intrínseco.
Na verdade, se uma ação está sendo vendida abaixo do valor descontado de seus fluxos
de caixa futuros, então o Mercado está errado. Nesses casos, os investidores em
valor estão aptos a obter lucros espetaculares tanto pelo crescimento de longo-prazo
do negócio, quanto pelo retorno da ação para seu valor intrínseco. Na verdade
identificar ações desse tipo é o objetivo principal do Inside Value.
Conclusão
Muitos dos ditados conhecidos sobre investimentos não se
sustentam quando examinados pela ótica do valor. Isso pode ser uma coisa excelente
porquê aqueles que acreditam nessas máximas podem empurrar os papéis para longe
de seus valores intrínsecos, criando uma oportunidade única para os investidores
em valor lucrarem.
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Richard
Gibbons, a member of the Inside Value team, was bitten by a berserk koala when
he was 12. Richard owns Cisco call options, but none of the other securities
mentioned in this article.
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