... e a explicação do Fluxo de Caixa Livre.
Por Phil Weiss (TMF Grape)
Fonte: http://www.fool.com/portfolios/rulemaker/1999/rulemaker991210.htm
Tradução e adaptação de SER-
TOWACO,
NJ (10 de Dezembro de 1999) – nos dois próximos artigos,
falaremos sobre a minha ferramenta analítica preferida: o Índice de Fluxo e a importância dos conceitos financeiros nele
inclusos. A coisa que mais gosto no Fluxo é que ele ajuda a interligar o
Demonstrativo de Resultados ao Balanço Patrimonial e ainda fornece alguns “insights” sobre o que você vai encontrar no Demonstrativo
de Fluxo de Caixa. Se você ler e entender bem o artigo de hoje e o da semana
que vem, vai conseguir entender melhor como as contas da companhia revelam o
que está acontecendo nos bastidores.
Hoje vamos começar fazendo um “tour” pelo
Demonstrativo de Fluxo de Caixa e pelo Balanço Patrimonial. Primeiro vamos
revisar o conceito de Fluxo de Caixa Livre e depois discutir o conceito de
“Capital de Giro” e sua influência sobre o Fluxo de Caixa. Estes conhecimentos
formarão a base necessária para entendermos o significado do Índice de Fluxo, e
porquê ele é tão importante no Fluxo de Caixa da companhia. Dito isto, vamos
pular para o Demonstrativo de Fluxo de Caixa.
De tempos em tempos, você vai nos ouvir falando
sobre a habilidade de uma companhia em gerar “Fluxo de Caixa Livre”. Como
animais econômicos, as empresas vivem para gerar a maior quantidade de caixa,
empregando o mínimo de recursos nesse processo. De uma maneira bem simples,
Fluxo de Caixa Livre é o dinheiro que sobra depois de pagar tudo; a fatura dos
fornecedores, salários dos empregados, despesas com a festa de arromba do
fim-de-ano, a compra de novos equipamentos para expandir os negócios, etc...
Teoricamente, o Fluxo de Caixa Livre é a
quantidade de dinheiro que uma empresa poderia pagar aos seus acionistas na
forma de dividendos.
Para calcular o Fluxo de Caixa Livre, tudo o que
você tem que fazer é ir ao Demonstrativo de Fluxo de Caixa* e encontrar uma
linha chamada “Caixa Líquido da Atividade Operacional” ou “Fluxo de Caixa
Operacional”. Feito isso, tudo que teremos que fazer é subtrair as
despesas de capital líquidas. O que sobrar, é o Fluxo de Caixa Líquido. Só
isso. Não é tão difícil como você esperava!
NT* – No
Brasil, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa ainda não é obrigatório, embora
existam projetos em trâmite exigindo sua publicação. É possível montar um Demonstrativo de Fluxo
de Caixa a partir do Demonstrativo de Resultados e do Balanço Patrimonial,
conforme fizemos abaixo.
Vamos caminhar lado-a-lado através de um exemplo
empregando o Demonstrativo de Fluxo de Caixa Consolidado da Gerdau, do final do
ano de 2003. Para sua facilidade incluímos grande parte desse Demonstrativo
abaixo.
Fluxo de Caixa Indireto * |
2003 |
2002 |
|
|
|
Lucro/Prejuízo do
Exercício |
1.137.216 |
798.688 |
(+) Depreciação |
183.832 |
184.123 |
=Geração Bruta de Caixa |
1.321.048 |
982.811 |
|
|
|
+- Variação de
Estoques |
-116.617 |
-888.848 |
+- Variação de
Contas a Receber |
253.508 |
-897.914 |
+- Variação de
Outros |
-50.435 |
-159.799 |
+- Variação de
Fornecedores |
266.887 |
344.751 |
+- Variação de
Impostos, Taxas e Contribuições |
4.587 |
78.730 |
+- Variação de
Dividendos a Pagar |
-13.436 |
55.713 |
+- Outras Provisões
Operacionais |
-13.523 |
154.145 |
Total Variação
Operacional |
330.971 |
-1.313.222 |
|
|
|
Caixa líquido da atividade operacional (A) |
1.652.019 |
-330.411 |
Fluxo
de investimentos |
|
|
|
|
|
Aquisição/alienação de imobilizado (B) |
493.385 |
-2.589.979 |
Fluxo
de Caixa Livre |
|
|
|
|
|
(A + B) |
2.145.404 |
-2.920.390 |
*- Construído pelo tradutor a partir do Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultados da Gerdau
Vamos seguir agora “passo-a-passo”. Começamos pegando o Lucro Líquido (ou prejuízo, se for o caso) do final do
Demonstrativo de Resultado, e colocamos na primeira linha do Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Depois colocamos de
volta todas as despesas não financeiras, das quais a depreciação e amortização são as maiores. Depois terminando
fazendo os ajustes necessários decorrentes das variações dos Ativos Circulantes (Contas a receber, estoques e
Outros) e Passivos Circulantes (Fornecedores, Impostos Taxas e Contribuições, Dividendos a pagar e Outras Provisões
Operacionais). O que sobrou, depois de todos esses ajustes, é o Fluxo de Caixa Operacional. Por fim, temos apenas
que subtrair o item “Aquisição de imobilizado”. No caso da Gerdau, sua atividade de produção de aços longos e aços
brutos geraram um excesso de caixa de 1.652.019 Bilhões em 2003. Nada mal. (Nota Técnica - veja que esse último
passo foi chamado de “A + B” porquê, na verdade, não é uma subtração, mas sim o acréscimo de um número negativo.
Dentro de um Demonstrativo de Fluxo de Caixa, toda soma é um acréscimo de dinheiro e toda subtração é um decréscimo de
dinheiro).
Agora que criamos a fundação, vamos dar uma olhada no “Capital de Giro”, como ele está relacionado com a forma com
que a empresa administra o negócio e a sua conexão com o Índice de Fluxo com objetivo de visualizarmos todos os
demonstrativos da companhia juntos. Por definição, Capital de Giro são os Ativos Circulantes - Passivos Circulantes.
Desta forma, quando me refiro a “administração do Capital de Giro” estou me referindo a administração dos seus
Ativos e Passivos Circulantes.
Extrato do Balanço Patrimonial da GERDAU S.A. |
|||
|
|
|
|
Descrição da Conta |
2003 |
2002 |
Alteração |
Ativo Circulante (Operacional) |
|
|
|
Contas a Receber |
2.542.382 |
2.795.890 |
-253.508 |
Estoques |
2.336.598 |
2.219.981 |
116.617 |
Outros |
334.285 |
283.850 |
50.435 |
Descrição da Conta |
2003 |
2002 |
Alteração |
Passivo Circulante (Operacional) |
1.925.496 |
1.680.981 |
244.515 |
Fornecedores |
1.192.428 |
925.541 |
266.887 |
Impostos, Taxas e Contribuições |
171.776 |
167.189 |
4.587 |
Dividendos a Pagar |
154.220 |
167.656 |
-13.436 |
Outros |
407.072 |
420.595 |
-13.523 |
Embora os Ativos Circulantes (como o Contas a Receber e Estoques) estejam listados no Balanço Patrimonial como
“Ativos”, nós os consideramos como Passivos, quando calculamos o Índice de Fluxo, por questões práticas. A razão é
que o Contas a Receber é na verdade um empréstimo sem juros que a empresa faz a seus clientes. No caso da
Gerdau, o Contas a Receber significa dinheiro não recebido de clientes que estão empregando o aço da Gerdau em
suas obras. Quanto mais rápido uma companhia consegue receber suas contas, melhor – Nós queremos dinheiro na
mão, não faturas a receber.
O Capital de Giro é o sangue da companhia. É pelo Capital de Giro que ela efetua pagamentos, investe em novos
projetos, paga dívidas, compra novos ativos fixos. Uma companhia que consome todo seu Capital de Giro está fadada a
desaparecer.
Agora que nós sabemos o que é o Capital de Giro, estamos prontos para saber como as mudanças no nível do Capital
de Giro do Balanço Patrimonial influenciam o Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Vamos começar pelo item que mais afeta
o Demonstrativo de Fluxo de Caixa, o Contas a Receber. Se você fizer a comparação do Balanço Patrimonial com o
Demonstrativo de Fluxo de Caixa vai ver que o Fluxo de Caixa aumenta quando o Contas a Receber diminui, e vice-
versa. Para a nossa surpresa, isso quer dizer que existe uma Demonstração financeira em que o Contas a Receber é
tratado como um Passivo. É por isso que somos fãs do Demonstrativo de Fluxo de caixa.
Se você estiver um pouco confuso nesse ponto, não se preocupe, isso é completamente normal. Estes conceitos
são um pouco complicados no início. Abaixo colocamos um exemplo que deve facilitar a compreensão de como uma
alteração no montante do Contas a Receber do Balanço Patrimonial se traduz em uma mudança no Demonstrativo de
Fluxo de Caixa. Vamos ver a mudança do Contas a receber da Gerdau entre 2002 e 2003.
Contas a receber (Créditos) |
2003 |
2002 |
Alteração |
2.542.382 |
2.795.890 |
Redução de 253.508 |
Se você
olhar para os números do Demonstrativo de Fluxo de Caixa na tabela que
apresentamos anteriormente verá que uma diminuição
no Contas a Receber do Balanço Patrimonial aparece
como um acréscimo no fluxo de caixa oriundo
das operações. Isso faz sentido? A chave para entender esta dinâmica é olhar o Contas a Receber (e qualquer outro Ativo Circulante) como
um investimento. Durante o ano de
2003, a Gerdau pode fazer um “desinvestimento” de 253.508 que durante o ano de 2002 esteve “investido” para
atender a necessidade de crédito de seus clientes. Como houve uma redução de
253.508 no nível do contas a receber, significa que a
empresa deixou de cobrir 253.508 de seus clientes e assim pode empregar esses
253.508 em qualquer outra coisa que desejasse. Ou seja, ela liberou 253.508
aumentando seu Fluxo de Caixa do mesmo valor. Investimento é uso de dinheiro,
assim um investimento aparece no Demonstrativo de Fluxo de Caixa como um
decréscimo no fluxo de caixa operacional. (você deve estar consciente que os
números, por muitas vezes, não batem tão fácil assim. Ás vezes ajustes no
câmbio e variações financeiras relativos a variações
patrimoniais em firmas investidas podem alterar bastante os resultados).
A mesma
coisa acontece com outros itens do Ativo Circulante como Estoques, que é o
segundo maior componente do Capital de Giro. Manter muitas mercadorias em
estoque é, na prática, um Passivo. Pense no excesso de estoque como um
investimento desnecessário. Existem duas razões para pensarmos assim. A
primeira é que possuir estoque parado na prateleira é a mesma coisa que deixar
dinheiro parado no banco. As companhias precisam colocar produtos para fora,
vende-los e, receber pagamentos em dinheiro o mais rápido possível. A outra, é que
quando falamos especificamente de companhias do setor de tecnologia, em que
mudanças de produtos e componentes ocorrem cada vez mais rápido, o excesso de
estoque nas prateleiras poderá virar lixo mais cedo do que imaginamos.
O
terceiro maior componente do Capital de Giro é o Contas a Pagar (ou Fornecedores). Embora esteja listado no Balanço
Patrimonial como Passivo, o Índice de Fluxo trata o Contas
a Pagar como Ativo. Essa é a forma como ele é tratado no Demonstrativo de Fluxo
de Caixa. Na prática, o contas a pagar significa para
nós, uma fonte de empréstimos sem juros tomada de nossos fornecedores! É por
isso que um aumento no Contas a Pagar resulta em um
aumento no Fluxo de Caixa Operacional e, um decréscimo no Contas a Pagar se
traduz em um decréscimo no Fluxo de Caixa Operacional. Embora eu não incentive
o não pagamento dos fornecedores em dia, eu não vejo razão nenhuma para
pagá-los antes do necessário. É assim que administro minhas contas pessoais.
Mesmo que a taxa de juros não esteja alta, é melhor ter dinheiro na minha conta
do que na de outra pessoa. Eu programo minhas contas para serem pagas a menos
de uma semana do vencimento.
Pare. Respire fundo.
Nós
andamos bastante hoje. Vamos fazer uma revisão rápida do que falamos até agora.
Capital de Giro é Ativos Circulantes – Passivos Circulantes; retirados do
Balanço Patrimonial. As variações desses Ativos e Passivos Circulantes se
refletem no Fluxo de Caixa. Abaixo fizemos um quadro resumo do que aprendemos;
de como uma mudança no Balanço Patrimonial altera o Demonstrativo de Fluxo de
Caixa:
Balanço Patrimonial |
Se
traduz em |
Demonstrativo de Fluxo de Caixa |
Aumento nos
Ativos Circulantes |
-> |
Diminuição no
fluxo de caixa operacional |
Diminuição nos
Ativos Circulantes |
-> |
Aumento no fluxo
de caixa operacional |
Aumento nos
Passivos Circulantes |
-> |
Aumento no
fluxo de caixa operacional |
Diminuição nos
Passivos Circulantes |
-> |
Diminuição no
fluxo de caixa operacional |
Na
próxima semana, vou juntar a lição de hoje com uma revisão do índice de fluxo,
e veremos como este índice, uma relação matemática simples, pode nos dizer
muito sobre a ligação existente entre o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo
de Fluxo de Caixa - tudo em apenas um número. Darei também uma rápida pincelada
de como o Demonstrativo de Resultados se insere neste contexto.
Por hoje é só. Tenham um bom fim de semana.
Juntando tudo com o índice de Fluxo -
Parte de 2 de 2
Por Matt Richey (TMF Verve)
Tradução
e adaptação de SER-
MILWAUKEE, WI (14 de Dezembro de 1999) – Na
última Sexta, Phil começou um artigo dividido em duas
partes, explicando como o índice de fluxo resume muito do que acontece na
companhia. Hoje vou continuar do ponto que ele parou, porquê ele estará
ausente, a trabalho.
Como você
deve ter percebido pelo cabeçalho dessa postagem eu também estou viajando esta
semana, mas não vou deixar que isso interfira na nossa investigação dessa coisa
interessante chamada Índice de Fluxo. Nós já escrevemos diversas matérias sobre
ele em nossas colunas, mas será que você realmente
entende o que ele significa? É claro que um Fluxo pequeno é melhor que um
grande, isso já ficou bem claro, mas o que um Índice de Fluxo subindo (ou
descendo) nos diz sobre o que está acontecendo por trás do negócio? Esta é a
resposta que procuraremos responder na nossa coluna de hoje.
Na Sexta passada, Phil iniciou nossa discussão na
parte 1 descrevendo o objetivo final de todas as companhias: Gerar o maior de
Fluxo de Caixa Livre possível empregando a menor quantidade de recursos. Essa
busca para gerar Fluxo de Caixa Livre, não é apenas um quebra-cabeça de vendas,
despesas e outros números relacionados ao Demonstrativo de Resultados. Não Senhor,
o Fluxo de Caixa Livre é influenciado também pelas ocorrências do Balanço
Patrimonial.
Vamos introduzir hoje uma nova idéia: visualizar uma empresa como uma máquina
de fazer moedas. Empregaremos dois exemplos hipotéticos de máquinas de fazer
moedas: A máquina verde e a besta fumegante. As duas são bastante
parecidas. Se você inserir uma moeda de um dólar hoje, ambas irão “produzir”
uma moeda de 25 Centavos de lucro líquido (lucros contábeis), uma vez por ano.
Só que lucros líquidos são apenas um “imput” dentro
da máquina. Na verdade, o que sai de cada máquina é bem diferente. Por exemplo,
a Máquina Verde cospe anualmente uma linda moeda de 25 Centavos, enquanto que a
besta fumegante “cospe” apenas uma moeda de 10 centavos. Embora as duas
máquinas sejam equivalentes em termos de Lucro Líquido, suas capacidades de
gerar Fluxo de Caixa Livre são bem diferentes.
A razão
para essa diferença na saída das duas máquinas está relacionada à sua eficiência. A máquina verde é muito
econômica e bem projetada. Seu lucro líquido consegue sobreviver ao processo e
se transformar, no final, em dinheiro de verdade. Uma bela moeda de 25 Centavos
que pode ser usada em qualquer loja de doces. Por outro lado, a besta
fumegante, não foi tão bem construída assim. Todo ano temos que gastar quinze
centavos para repararmos suas engrenagens e outras coisas do gênero. O que faz
com que apenas 10 centavos cheguem as suas mãos.
Em nossa
busca por máquinas de fazer moedas eficientes, o índice de fluxo tem uma grande
importância para nos guiar para empresas que criem valor real na forma de Fluxo
de Caixa Livre. Como explicamos no Passo 6
do Rule Maker, o índice
de fluxo é uma medida da eficiência do capital de Giro. Na sexta, Phil definiu Capital de Giro como sendo Ativos Circulantes
menos Passivos Circulantes. Ele continuou apresentando os três maiores
componentes do Capital de Giro: Contas a Receber, ou Clientes (faturas ainda
não recebidas), Estoque (mercadorias ainda não vendidas) e Contas a Pagar, ou
Fornecedores (contas ainda não pagas).
Uma das
partes mais importantes na Coluna de sexta de Bill foi sua explicação de como
um aumento nos Ativos Circulantes
acarreta em um decréscimo no fluxo de
caixa livre. E vice-versa para os Passivos Circulantes.
Phil resumiu esses três princípios na tabela abaixo:
Balanço Patrimonial |
Se
traduz em |
Demonstrativo de Fluxo de Caixa |
Aumento nos
Ativos Circulantes |
-> |
Diminuição no fluxo
de caixa operacional |
Diminuição nos
Ativos Circulantes |
-> |
Aumento no
fluxo de caixa operacional |
Aumento nos
Passivos Circulantes |
-> |
Aumento no
fluxo de caixa operacional |
Diminuição nos
Passivos Circulantes |
-> |
Diminuição no fluxo
de caixa operacional |
Se você
ainda está meio enrolado com essa tabela, não desanime, porquê vou explicar
agora aonde o Índice de Fluxo – uma medida do Balanço Patrimonial, interage com
o Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Esta Relação direta entre o Índice de Fluxo
e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa é que confere a ele uma grande importância.
Aqui vamos nós!
Vamos
olhar novamente para a GERDAU como nosso exemplo. Abaixo, coloquei em itálico
as partes que afetam o índice de Fluxo. (a propósito, todos os números foram
retirados diretamente dos Demonstrativos Consolidados da CVM).
Fluxo de Caixa Indireto |
2003 |
2002 |
|
|
|
Lucro/Prejuízo do
Exercício |
1.137.216 |
798.688 |
(+) Depreciação |
183.832 |
184.123 |
=Geração Bruta de Caixa |
1.321.048 |
982.811 |
|
|
|
+- Variação de Estoques |
-116.617 |
-888.848 |
+- Variação de Contas a Receber |
253.508 |
-897.914 |
+- Variação de Outros |
-50.435 |
-159.799 |
+- Variação de Fornecedores |
266.887 |
344.751 |
+- Variação de Impostos, Taxas e Contribuições |
4.587 |
78.730 |
+- Variação de Dividendos a Pagar |
-13.436 |
55.713 |
+- Outras Provisões Operacionais |
-13.523 |
154.145 |
Total Variação Operacional |
330.971 |
-1.313.222 |
|
|
|
Caixa líquido da atividade operacional (A) |
1.652.019 |
-330.411 |
Fluxo
de investimentos |
2003 |
2002 |
|
|
|
Aquisição/alienação de imobilizado (B) |
493.385 |
-2.589.979 |
Fluxo de
Caixa Livre |
|
|
|
|
|
= (A + B) |
2.145.404 |
-2.920.390 |
A parte
em itálico é aonde o Índice de Fluxo influencia o Demonstrativo de Fluxo de
Caixa. Agora que nos entendemos, vamos nos concentrar especificamente na parte
das mudanças dos Ativos e Passivos do demonstrativo da GERDAU do final de 2003.
Aqui vai:
Extrato do Demonstrativo de Fluxo de Caixa da Gerdau.
|
|
+- Variação de Estoques |
-116.617 |
+- Variação de Contas a Receber |
253.508 |
+- Variação de Outros |
-50.435 |
+- Variação de Fornecedores |
266.887 |
+- Variação de Impostos, Taxas e Contribuições |
4.587 |
+- Variação de Dividendos a Pagar |
-13.436 |
+- Outras Provisões Operacionais |
-13.523 |
Total Variação Operacional |
330.971 |
|
|
O que vemos é que a GERDAU gerou 330.971 pela administração do seu Capital de Giro. Parece que nesse ano a Gerdau
se comportou mais como a “máquina verde” do que como uma “besta fumegante”.
Vamos ver mais uma vez como isso se relaciona com o índice de Fluxo. Usando a formula do Índice de Fluxo e um
extrato do Balanço Patrimonial listado abaixo, vamos comparar a administração do Capital de Giro de 2003 com a de
2002.
(Ativos circulantes – disponibilidades)
Índice de Fluxo = ----------------------------------------------------------
(Passivos circulantes – dívidas de curto prazo)
NT – Os (Ativos circulantes – disponibilidades) são também conhecidos como Ativos Circulantes Operacionais.
Os (Passivos Circulantes – dívidas de curto prazo) são também conhecido como Passivos Circulantes Operacionais. A
diferença entre os Ativos Circulantes Operacionais e os Passivos Circulantes Operacionais é conhecida como
Necessidade de Capital de Giro (NCG). É quanto a companhia tem que financiar para manter sua atividade em
funcionamento. Obviamente, o melhor é ter um NCG declinante com o tempo.
Disponibilidades = Caixa mais investimentos de curto prazo.
Conta |
2003 |
2002 |
2001 |
|
|
|
|
Disponibilidades |
121.615 |
71.368 |
7.122 |
Créditos |
2.542.382 |
2.795.890 |
1.897.976 |
Estoques |
2.336.598 |
2.219.981 |
1.331.133 |
Outros |
334.285 |
283.850 |
124.051 |
Ativo Circulante
Operacional |
5.213.265 |
5.299.721 |
3.353.160 |
|
|
|
|
Empréstimos e
Financiamentos |
2.414.376 |
3.707.916 |
2.101.970 |
Debêntures |
3.027 |
0 |
4.683 |
Fornecedores |
1.192.428 |
925.541 |
580.790 |
Impostos, Taxas e Contribuições |
171.776 |
167.189 |
88.459 |
Dividendos a Pagar |
154.220 |
167.656 |
111.943 |
Outros |
407.072 |
420.595 |
266.450 |
Passivo Circulante
Operacional |
1.925.496 |
1.680.981 |
1.047.642 |
|
|
|
|
Índice de Fluxo |
2,71 |
3,15 |
3,20 |
NCG |
3.287.769 |
3.618.740 |
2.305.518 |
O que
encontramos? Que o Índice de Fluxo da Gerdau caiu de 3,15 em 2002 para 2,71 em 2003 – Uma melhora de 14%. O Índice de Fluxo declinante
da Gerdau fez com que o Total da Variação Operacional do Demonstrativo de Fluxo
de Caixa fosse uma fonte de recursos em 2003 ( de
330.971) e um consumidor de recursos em 2002 (de –1.313.222). Um índice de
fluxo declinante sempre irá fazer com
que a Variação Operacional do Demonstrativo de Fluxo de Caixa seja uma fonte de
recursos. E vice versa – Um Índice de Fluxo ascendente irá fazer com que esta
seção do Demonstrativo de Fluxo de Caixa sempre
seja uma consumidora de recursos Foi exatamente isso que aconteceu com a Pfizer, como expliquei na coluna
de Outubro
Em 2002,
a variação Operacional da Gerdau consumiu todo o lucro da companhia (isso de
deve principalmente a variações cambiais da conta Estoques e contas a receber).
A lição
aqui é a seguinte: o valor do Índice de Fluxo é importante, mas é a sua tendência em termos ascendentes
ou descendentes é o que realmente importa, em termos de fluxo de caixa.
Muito
bem, vamos agora a juntar tudo que aprendemos num exemplo. Vamos supor que
possuímos uma empresa. Nossa empresa compra matéria prima e a transforma em
estoque. Isto é o Custo das Mercadorias Vendidas do Demonstrativo Patrimonial.
Depois ela vende o seu Estoque para os consumidores, criando contas a receber
no Balanço Patrimonial e Vendas no Demonstrativo de Resultados. Por fim, nossa
companhia recebe dinheiro das Vendas e com isso nós aumentamos o Caixa no
Balanço Patrimonial. Logo, tudo se encaixa. O Demonstrativo de Resultados nos
diz quanto a companhia vendeu, o Balanço Patrimonial
nos mostra quais os recursos foram empregados para tocar o negócio; e o Fluxo
de Caixa revela as entradas e saídas de dinheiro.
Tenham
uma boa noite!
- Matt Richey