Juntando tudo com o Índice de Fluxo - Parte 1 de 2

 

... e a explicação do Fluxo de Caixa Livre.

Por  Phil Weiss (TMF Grape)

Fonte: http://www.fool.com/portfolios/rulemaker/1999/rulemaker991210.htm

Tradução e adaptação de SER-

TOWACO, NJ (10 de Dezembro de 1999) – nos dois próximos artigos, falaremos sobre a minha ferramenta analítica preferida: o Índice de Fluxo e a importância dos conceitos financeiros nele inclusos. A coisa que mais gosto no Fluxo é que ele ajuda a interligar o Demonstrativo de Resultados ao Balanço Patrimonial e ainda fornece alguns “insights” sobre o que você vai encontrar no Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Se você ler e entender bem o artigo de hoje e o da semana que vem, vai conseguir entender melhor como as contas da companhia revelam o que está acontecendo nos bastidores.



Hoje vamos começar fazendo um “tour” pelo Demonstrativo de Fluxo de Caixa e pelo Balanço Patrimonial. Primeiro vamos revisar o conceito de Fluxo de Caixa Livre e depois discutir o conceito de “Capital de Giro” e sua influência sobre o Fluxo de Caixa. Estes conhecimentos formarão a base necessária para entendermos o significado do Índice de Fluxo, e porquê ele é tão importante no Fluxo de Caixa da companhia. Dito isto, vamos pular para o Demonstrativo de Fluxo de Caixa.

De tempos em tempos, você vai nos ouvir falando sobre a habilidade de uma companhia em gerar “Fluxo de Caixa Livre”. Como animais econômicos, as empresas vivem para gerar a maior quantidade de caixa, empregando o mínimo de recursos nesse processo. De uma maneira bem simples, Fluxo de Caixa Livre é o dinheiro que sobra depois de pagar tudo; a fatura dos fornecedores, salários dos empregados, despesas com a festa de arromba do fim-de-ano, a compra de novos equipamentos para expandir os negócios, etc... Teoricamente, o Fluxo de Caixa Livre é a quantidade de dinheiro que uma empresa poderia pagar aos seus acionistas na forma de dividendos.

Para calcular o Fluxo de Caixa Livre, tudo o que você tem que fazer é ir ao Demonstrativo de Fluxo de Caixa* e encontrar uma linha chamada “Caixa Líquido da Atividade Operacional” ou “Fluxo de Caixa Operacional”. Feito isso, tudo  que teremos que fazer é subtrair as despesas de capital líquidas. O que sobrar, é o Fluxo de Caixa Líquido. Só isso. Não é tão difícil como você esperava!

NT* – No Brasil, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa ainda não é obrigatório, embora existam projetos em trâmite exigindo sua publicação.  É possível montar um Demonstrativo de Fluxo de Caixa a partir do Demonstrativo de Resultados e do Balanço Patrimonial, conforme fizemos abaixo.

Vamos caminhar lado-a-lado através de um exemplo empregando o Demonstrativo de Fluxo de Caixa Consolidado da Gerdau, do final do ano de 2003. Para sua facilidade incluímos grande parte desse Demonstrativo abaixo.

 

Fluxo de Caixa Indireto *

2003

2002

 

 

 

Lucro/Prejuízo do Exercício

1.137.216

798.688

(+) Depreciação

183.832

184.123

=Geração Bruta de Caixa

1.321.048

982.811

 

 

 

+- Variação de Estoques

-116.617

-888.848

+- Variação de Contas a Receber

253.508

-897.914

+- Variação de Outros

-50.435

-159.799

+- Variação de Fornecedores

266.887

344.751

+- Variação de Impostos, Taxas e Contribuições

4.587

78.730

+- Variação de Dividendos a Pagar

-13.436

55.713

+- Outras Provisões Operacionais

-13.523

154.145

Total Variação Operacional

330.971

-1.313.222

 

 

 

Caixa líquido da atividade operacional (A)

1.652.019

-330.411

 

Fluxo de investimentos

 

 

 

 

 

Aquisição/alienação de imobilizado (B)

493.385

-2.589.979

 

 

Fluxo de Caixa Livre

 

 

 

 

 

(A + B)

2.145.404

-2.920.390

 
*- Construído pelo tradutor a partir do Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultados da Gerdau
 
Vamos seguir agora “passo-a-passo”. Começamos pegando o Lucro Líquido (ou prejuízo, se for o caso) do final do 
Demonstrativo de Resultado, e colocamos na primeira linha do Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Depois colocamos de 
volta todas as despesas não financeiras, das quais a depreciação e amortização são as maiores. Depois terminando
 fazendo os ajustes necessários decorrentes das variações dos Ativos Circulantes (Contas a receber, estoques e 
Outros) e Passivos Circulantes (Fornecedores, Impostos Taxas e Contribuições, Dividendos a pagar e Outras Provisões
 Operacionais). O que sobrou, depois de todos esses ajustes, é o Fluxo de Caixa Operacional. Por fim, temos apenas 
que subtrair o item “Aquisição de imobilizado”. No caso da Gerdau, sua atividade de produção de aços longos e aços 
brutos geraram um excesso de caixa de 1.652.019 Bilhões em 2003. Nada mal. (Nota Técnica - veja que esse último 
passo foi chamado de “A + B” porquê, na verdade, não é uma subtração, mas sim o acréscimo de um número negativo. 
Dentro de um Demonstrativo de Fluxo de Caixa, toda soma é um acréscimo de dinheiro e toda subtração é um decréscimo de 
dinheiro).
 


Agora que criamos a fundação, vamos dar uma olhada no “Capital de Giro”, como ele está relacionado com a forma com 
que a empresa administra o negócio e a sua conexão com o Índice de Fluxo com objetivo de visualizarmos todos os
 demonstrativos da companhia juntos. Por definição, Capital de Giro são os Ativos Circulantes - Passivos Circulantes.
 Desta forma, quando me refiro a “administração do Capital de Giro” estou me referindo a administração dos seus
 Ativos e Passivos Circulantes. 
 

Extrato do Balanço Patrimonial da GERDAU S.A.

 

 

 

 

Descrição da Conta

2003

2002

Alteração

Ativo Circulante (Operacional)

 

 

 

Contas a Receber

2.542.382

2.795.890

-253.508

Estoques

2.336.598

2.219.981

116.617

Outros

334.285

283.850

50.435

 

Descrição da Conta

2003

2002

Alteração

Passivo Circulante (Operacional)

1.925.496

1.680.981

244.515

Fornecedores

1.192.428

925.541

266.887

Impostos, Taxas e Contribuições

171.776

167.189

4.587

Dividendos a Pagar

154.220

167.656

-13.436

Outros

407.072

420.595

-13.523

 


Embora os Ativos Circulantes (como o Contas a Receber e Estoques) estejam listados no Balanço Patrimonial como
 “Ativos”, nós os consideramos como Passivos, quando calculamos o Índice de Fluxo, por questões práticas. A razão é
 que o Contas a Receber é na verdade um empréstimo sem juros que a empresa faz a seus clientes.  No caso da 
Gerdau, o Contas a Receber significa dinheiro não recebido de clientes que estão empregando o aço da Gerdau em 
suas obras. Quanto mais rápido uma companhia consegue receber suas contas, melhor – Nós queremos dinheiro na 
mão, não faturas a receber.
 
O Capital de Giro é o sangue da companhia. É pelo Capital de Giro que ela efetua pagamentos, investe em novos 
projetos, paga dívidas, compra novos ativos fixos. Uma companhia que consome todo seu Capital de Giro está fadada a
 desaparecer.
 
Agora que nós sabemos o que é o Capital de Giro, estamos prontos para saber como as mudanças no nível do Capital 
de Giro do Balanço Patrimonial influenciam o Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Vamos começar pelo item que mais afeta
 o Demonstrativo de Fluxo de Caixa, o Contas a Receber.  Se você fizer a comparação do Balanço Patrimonial com o
 Demonstrativo de Fluxo de Caixa vai ver que o Fluxo de Caixa aumenta quando o Contas a Receber diminui, e vice-
versa. Para a nossa surpresa, isso quer dizer que existe uma Demonstração financeira em que o Contas a Receber é 
tratado como um Passivo. É por isso que somos fãs do Demonstrativo de Fluxo de caixa.
 
Se você estiver um pouco confuso nesse ponto, não se preocupe, isso é completamente normal. Estes conceitos
 são um pouco complicados no início. Abaixo colocamos um exemplo que deve facilitar a compreensão de como uma
 alteração no montante do Contas a Receber do Balanço Patrimonial se traduz em uma mudança no Demonstrativo de
 Fluxo de Caixa. Vamos ver a mudança do Contas a receber da Gerdau entre 2002 e 2003.
 
 

Contas a receber (Créditos)

2003

2002

Alteração

2.542.382

2.795.890

Redução de 253.508

 
 

Se você olhar para os números do Demonstrativo de Fluxo de Caixa na tabela que apresentamos anteriormente verá que uma diminuição no Contas a Receber do Balanço Patrimonial aparece como um acréscimo no fluxo de caixa oriundo das operações. Isso faz sentido? A chave para entender esta dinâmica é olhar o Contas a Receber (e qualquer outro Ativo Circulante) como um investimento. Durante o ano de 2003, a Gerdau pode fazer um “desinvestimento” de 253.508 que durante o ano de 2002 esteve “investido” para atender a necessidade de crédito de seus clientes. Como houve uma redução de 253.508 no nível do contas a receber, significa que a empresa deixou de cobrir 253.508 de seus clientes e assim pode empregar esses 253.508 em qualquer outra coisa que desejasse. Ou seja, ela liberou 253.508 aumentando seu Fluxo de Caixa do mesmo valor. Investimento é uso de dinheiro, assim um investimento aparece no Demonstrativo de Fluxo de Caixa como um decréscimo no fluxo de caixa operacional. (você deve estar consciente que os números, por muitas vezes, não batem tão fácil assim. Ás vezes ajustes no câmbio e variações financeiras relativos a variações patrimoniais em firmas investidas podem alterar bastante os resultados).

A mesma coisa acontece com outros itens do Ativo Circulante como Estoques, que é o segundo maior componente do Capital de Giro. Manter muitas mercadorias em estoque é, na prática, um Passivo. Pense no excesso de estoque como um investimento desnecessário. Existem duas razões para pensarmos assim. A primeira é que possuir estoque parado na prateleira é a mesma coisa que deixar dinheiro parado no banco. As companhias precisam colocar produtos para fora, vende-los e, receber pagamentos em dinheiro o mais rápido possível. A outra, é que quando falamos especificamente de companhias do setor de tecnologia, em que mudanças de produtos e componentes ocorrem cada vez mais rápido, o excesso de estoque nas prateleiras poderá virar lixo mais cedo do que imaginamos. 

O terceiro maior componente do Capital de Giro é o Contas a Pagar (ou Fornecedores). Embora esteja listado no Balanço Patrimonial como Passivo, o Índice de Fluxo trata o Contas a Pagar como Ativo. Essa é a forma como ele é tratado no Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Na prática, o contas a pagar significa para nós, uma fonte de empréstimos sem juros tomada de nossos fornecedores! É por isso que um aumento no Contas a Pagar resulta em um aumento no Fluxo de Caixa Operacional e, um decréscimo no Contas a Pagar se traduz em um decréscimo no Fluxo de Caixa Operacional. Embora eu não incentive o não pagamento dos fornecedores em dia, eu não vejo razão nenhuma para pagá-los antes do necessário. É assim que administro minhas contas pessoais. Mesmo que a taxa de juros não esteja alta, é melhor ter dinheiro na minha conta do que na de outra pessoa. Eu programo minhas contas para serem pagas a menos de uma semana do vencimento.


Pare. Respire fundo.

Nós andamos bastante hoje. Vamos fazer uma revisão rápida do que falamos até agora. Capital de Giro é Ativos Circulantes – Passivos Circulantes; retirados do Balanço Patrimonial. As variações desses Ativos e Passivos Circulantes se refletem no Fluxo de Caixa. Abaixo fizemos um quadro resumo do que aprendemos; de como uma mudança no Balanço Patrimonial altera o Demonstrativo de Fluxo de Caixa:

 

Balanço Patrimonial

Se traduz em

Demonstrativo de Fluxo de Caixa

 

Aumento nos Ativos Circulantes

->

Diminuição no fluxo de caixa operacional

Diminuição nos Ativos Circulantes

->

Aumento no fluxo de caixa operacional

Aumento nos Passivos Circulantes

->

Aumento no fluxo de caixa operacional

Diminuição nos Passivos Circulantes

->

Diminuição no fluxo de caixa operacional

 

 

 

Na próxima semana, vou juntar a lição de hoje com uma revisão do índice de fluxo, e veremos como este índice, uma relação matemática simples, pode nos dizer muito sobre a ligação existente entre o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa - tudo em apenas um número. Darei também uma rápida pincelada de como o Demonstrativo de Resultados se insere neste contexto.


Por hoje é só. Tenham um bom fim de semana.

 

 



Juntando tudo com o índice de Fluxo - Parte de 2 de 2

 

Por Matt Richey (TMF Verve)

Tradução e adaptação de SER-

MILWAUKEE, WI (14 de Dezembro de 1999) – Na última Sexta, Phil começou um artigo dividido em duas partes, explicando como o índice de fluxo resume muito do que acontece na companhia. Hoje vou continuar do ponto que ele parou, porquê ele estará ausente, a trabalho.

 

Como você deve ter percebido pelo cabeçalho dessa postagem eu também estou viajando esta semana, mas não vou deixar que isso interfira na nossa investigação dessa coisa interessante chamada Índice de Fluxo. Nós já escrevemos diversas matérias sobre ele em nossas colunas, mas será que você realmente entende o que ele significa? É claro que um Fluxo pequeno é melhor que um grande, isso já ficou bem claro, mas o que um Índice de Fluxo subindo (ou descendo) nos diz sobre o que está acontecendo por trás do negócio? Esta é a resposta que procuraremos responder na nossa coluna de hoje.


Na Sexta passada, Phil iniciou nossa discussão na parte 1 descrevendo o objetivo final de todas as companhias: Gerar o maior de Fluxo de Caixa Livre possível empregando a menor quantidade de recursos. Essa busca para gerar Fluxo de Caixa Livre, não é apenas um quebra-cabeça de vendas, despesas e outros números relacionados ao Demonstrativo de Resultados. Não Senhor, o Fluxo de Caixa Livre é influenciado também pelas ocorrências do Balanço Patrimonial.


Vamos introduzir hoje uma nova idéia: visualizar uma empresa como uma máquina de fazer moedas. Empregaremos dois exemplos hipotéticos de máquinas de fazer moedas: A máquina verde e a besta fumegante. As duas são bastante parecidas. Se você inserir uma moeda de um dólar hoje, ambas irão “produzir” uma moeda de 25 Centavos de lucro líquido (lucros contábeis), uma vez por ano. Só que lucros líquidos são apenas um “imput” dentro da máquina. Na verdade, o que sai de cada máquina é bem diferente. Por exemplo, a Máquina Verde cospe anualmente uma linda moeda de 25 Centavos, enquanto que a besta fumegante “cospe” apenas uma moeda de 10 centavos. Embora as duas máquinas sejam equivalentes em termos de Lucro Líquido, suas capacidades de gerar Fluxo de Caixa Livre são bem diferentes.

A razão para essa diferença na saída das duas máquinas está relacionada à sua eficiência. A máquina verde é muito econômica e bem projetada. Seu lucro líquido consegue sobreviver ao processo e se transformar, no final, em dinheiro de verdade. Uma bela moeda de 25 Centavos que pode ser usada em qualquer loja de doces. Por outro lado, a besta fumegante, não foi tão bem construída assim. Todo ano temos que gastar quinze centavos para repararmos suas engrenagens e outras coisas do gênero. O que faz com que apenas 10 centavos cheguem as suas mãos.

Em nossa busca por máquinas de fazer moedas eficientes, o índice de fluxo tem uma grande importância para nos guiar para empresas que criem valor real na forma de Fluxo de Caixa Livre. Como explicamos no Passo 6 do Rule Maker, o índice de fluxo é uma medida da eficiência do capital de Giro. Na sexta, Phil definiu Capital de Giro como sendo Ativos Circulantes menos Passivos Circulantes. Ele continuou apresentando os três maiores componentes do Capital de Giro: Contas a Receber, ou Clientes (faturas ainda não recebidas), Estoque (mercadorias ainda não vendidas) e Contas a Pagar, ou Fornecedores (contas ainda não pagas).

Uma das partes mais importantes na Coluna de sexta de Bill foi sua explicação de como um aumento nos Ativos Circulantes acarreta em um decréscimo no fluxo de caixa livre. E vice-versa para os Passivos Circulantes.

Phil resumiu esses três princípios na tabela abaixo:

 

 

Balanço Patrimonial

Se traduz em

Demonstrativo de Fluxo de Caixa

 

Aumento nos Ativos Circulantes

->

Diminuição no fluxo de caixa operacional

Diminuição nos Ativos Circulantes

->

Aumento no fluxo de caixa operacional

Aumento nos Passivos Circulantes

->

Aumento no fluxo de caixa operacional

Diminuição nos Passivos Circulantes

->

Diminuição no fluxo de caixa operacional

 

               
 

Se você ainda está meio enrolado com essa tabela, não desanime, porquê vou explicar agora aonde o Índice de Fluxo – uma medida do Balanço Patrimonial, interage com o Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Esta Relação direta entre o Índice de Fluxo e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa é que confere a ele uma grande importância. Aqui vamos nós!

 

Vamos olhar novamente para a GERDAU como nosso exemplo. Abaixo, coloquei em itálico as partes que afetam o índice de Fluxo. (a propósito, todos os números foram retirados diretamente dos Demonstrativos Consolidados da CVM).

 

Fluxo de Caixa Indireto

2003

2002

 

 

 

Lucro/Prejuízo do Exercício

1.137.216

798.688

(+) Depreciação

183.832

184.123

=Geração Bruta de Caixa

1.321.048

982.811

 

 

 

+- Variação de Estoques

-116.617

-888.848

+- Variação de Contas a Receber

253.508

-897.914

+- Variação de Outros

-50.435

-159.799

+- Variação de Fornecedores

266.887

344.751

+- Variação de Impostos, Taxas e Contribuições

4.587

78.730

+- Variação de Dividendos a Pagar

-13.436

55.713

+- Outras Provisões Operacionais

-13.523

154.145

Total Variação Operacional

330.971

-1.313.222

 

 

 

Caixa líquido da atividade operacional (A)

1.652.019

-330.411

 

Fluxo de investimentos

2003

2002

 

 

 

Aquisição/alienação de imobilizado (B)

493.385

-2.589.979

 

 

Fluxo de Caixa Livre

 

 

 

 

 

= (A + B)

2.145.404

-2.920.390

 

 

 

A parte em itálico é aonde o Índice de Fluxo influencia o Demonstrativo de Fluxo de Caixa. Agora que nos entendemos, vamos nos concentrar especificamente na parte das mudanças dos Ativos e Passivos do demonstrativo da GERDAU do final de 2003. Aqui vai:

 

Extrato do Demonstrativo de Fluxo de Caixa da Gerdau.
 

 

 

+- Variação de Estoques

-116.617

+- Variação de Contas a Receber

253.508

+- Variação de Outros

-50.435

+- Variação de Fornecedores

266.887

+- Variação de Impostos, Taxas e Contribuições

4.587

+- Variação de Dividendos a Pagar

-13.436

+- Outras Provisões Operacionais

-13.523

Total Variação Operacional

330.971

 

 

 
 
 
O que vemos é que a GERDAU gerou 330.971 pela administração do seu Capital de Giro. Parece que nesse ano a Gerdau
 se comportou mais como a “máquina verde” do que como uma “besta fumegante”. 
 
 
Vamos ver mais uma vez como isso se relaciona com o índice de Fluxo. Usando a formula do Índice de Fluxo e um
 extrato do Balanço Patrimonial listado abaixo, vamos comparar a administração do Capital de Giro de 2003 com a de
 2002. 
 
                                (Ativos circulantes – disponibilidades)
Índice de Fluxo  =  ----------------------------------------------------------
                              (Passivos circulantes – dívidas de curto prazo)
 
NT – Os (Ativos circulantes – disponibilidades) são também conhecidos como Ativos Circulantes Operacionais.
Os (Passivos Circulantes – dívidas de curto prazo) são também conhecido como Passivos Circulantes Operacionais. A
diferença entre os Ativos Circulantes Operacionais e os Passivos Circulantes Operacionais é conhecida como
Necessidade de Capital de Giro (NCG). É quanto a companhia tem que financiar para manter sua atividade em
funcionamento. Obviamente, o melhor é ter um NCG declinante com o tempo.
 
Disponibilidades = Caixa mais investimentos de curto prazo.

 

 

Conta

2003

2002

2001

 

 

 

 

Disponibilidades

121.615

71.368

7.122

Créditos

2.542.382

2.795.890

1.897.976

Estoques

2.336.598

2.219.981

1.331.133

Outros

334.285

283.850

124.051

Ativo Circulante Operacional

5.213.265

5.299.721

3.353.160

 

 

 

 

Empréstimos e Financiamentos

2.414.376

3.707.916

2.101.970

Debêntures

3.027

0

4.683

Fornecedores

1.192.428

925.541

580.790

Impostos, Taxas e Contribuições

171.776

167.189

88.459

Dividendos a Pagar

154.220

167.656

111.943

Outros

407.072

420.595

266.450

Passivo Circulante Operacional

1.925.496

1.680.981

1.047.642

 

 

 

 

Índice de Fluxo

2,71

3,15

3,20

NCG

3.287.769

3.618.740

2.305.518

 
 
 

O que encontramos? Que o Índice de Fluxo da Gerdau caiu de 3,15 em 2002 para 2,71 em 2003 – Uma melhora de 14%. O Índice de Fluxo declinante da Gerdau fez com que o Total da Variação Operacional do Demonstrativo de Fluxo de Caixa fosse uma fonte de recursos em 2003 ( de 330.971) e um consumidor de recursos em 2002 (de –1.313.222). Um índice de fluxo declinante sempre irá fazer com que a Variação Operacional do Demonstrativo de Fluxo de Caixa seja uma fonte de recursos. E vice versa – Um Índice de Fluxo ascendente irá fazer com que esta seção do Demonstrativo de Fluxo de Caixa sempre seja uma consumidora de recursos Foi exatamente isso que aconteceu com a Pfizer, como expliquei na coluna de Outubro 

 

Em 2002, a variação Operacional da Gerdau consumiu todo o lucro da companhia (isso de deve principalmente a variações cambiais da conta Estoques e contas a receber).

A lição aqui é a seguinte: o valor do Índice de Fluxo é importante, mas é a sua tendência em termos ascendentes ou descendentes é o que realmente importa, em termos de fluxo de caixa.

Muito bem, vamos agora a juntar tudo que aprendemos num exemplo. Vamos supor que possuímos uma empresa. Nossa empresa compra matéria prima e a transforma em estoque. Isto é o Custo das Mercadorias Vendidas do Demonstrativo Patrimonial. Depois ela vende o seu Estoque para os consumidores, criando contas a receber no Balanço Patrimonial e Vendas no Demonstrativo de Resultados. Por fim, nossa companhia recebe dinheiro das Vendas e com isso nós aumentamos o Caixa no Balanço Patrimonial. Logo, tudo se encaixa. O Demonstrativo de Resultados nos diz quanto a companhia vendeu, o Balanço Patrimonial nos mostra quais os recursos foram empregados para tocar o negócio; e o Fluxo de Caixa revela as entradas e saídas de dinheiro.

 

Tenham uma boa noite!

- Matt Richey

 

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