Avaliação pela técnica do Valor Presente
Por JOHN
BURR WILLIAMS
Tradução e adaptação de SER-
É creditado a John Burr
Williams o estabelecimento dos conceitos básicos em que foi construída a
disciplina administração de investimentos. Ele não foi um mero teórico, mas um
investidor ativo e um analista de títulos. Aqui estão as partes principais do
seu discurso no livro a Teoria
do Valor do Investimento, publicado em 1938.
Vamos definir valor de uma ação como o valor
presente de todos os dividendos pagos por ela. Da mesma forma, vamos definir o
valor de um título (“bond”) como o valor presente de
todos os cupons futuros mais o principal, reajustados pelas variações esperadas
no poder de compra da moeda. A compra de uma ação ou um “bond”, como de qualquer outra coisa influenciada pelo fenômeno
dos juros compostos, representa a troca de receitas presentes por receitas
futuras; dividendos, cupons ou principal, passarão a ser reclamados nas
receitas futuras. Para saber o valor de um investimento, é necessário estimar
os pagamentos futuros. Os pagamentos das anuidades devem ser ajustados pela
variação no valor da moeda, sendo descontados pela taxa requerida pelo
investidor.
A maioria das pessoas é contra o uso dessa
fórmula para ações dizendo que deve-se empregar o
valor presente dos lucros futuros, e não dos dividendos futuros. Os dividendos
e os lucros não deveriam chegar aos mesmos resultados se forem empregadas às
mesmas hipóteses estabelecidas por nossos críticos? Os lucros que não foram
pagos na forma de dividendos e conseguirem ser reinvestidos com sucesso na
firma a uma dada taxa de crescimento composta, acarretarão
em dividendos mais tarde em benefício dos acionistas; se isso não vier a ocorrer,
devemos considerar como dinheiro perdido. E mais, se os lucros reinvestidos
produzirão dividendos, nossa fórmula levará isso em consideração nos dividendos
futuros; mas se não produzir, não serão incluídos em qualquer outra anuidade
descontada por nossas fórmulas.
Os lucros são apenas meios para um fim, e os
meios não devem ser confundidos com o próprio fim. Podemos dizer então que uma
ação deriva do valor de seus dividendos e não dos lucros. Em resumo, uma ação
só vale por aquilo que for possível extrair dela. Da mesma forma, o fazendeiro
fala para seu filho:
A vaca pelo seu leite
A galinha pelos seus ovos
E uma ação, pelos seus dividendos.
Um pomar pelos seus frutos
As abelhas pelo seu mel
E as ações, da mesma forma, pelos seus
dividendos.
O velho homem sabe de onde vem o leite e o
mel, e não erra dizendo para seu filho comprar uma vaca pelo seu poder de
regurgitação e uma abelha pelo barulho que produz.
Retirado do Livro: “ The investor’s Anthology de Charles D. Ellis”