O que é falado nas ruas
Rica
em dinheiro, a MICROSOFT tem que encarar o pedido de dividendos por seus
acionistas.
Por REBECCA BUCKMAN
Repórter do THE WALL STREET JOURNAL
Tradução de SER-
O Mercado sabe que empresas no negócio de tecnologia
acabam por ver suas vendas minguando e que novas empresas nesta área acabam
fechando suas portas. No meio disto tudo encontra-se a Microsoft, sentada em 36
bilhões de dólares, em dinheiro e papéis de curto prazo.
Isto mesmo, você ouviu direito, $36 bilhões de dólares.
Descontando os problemas legais e as últimas perdas financeiras em
investimentos, a empresa de software de Redmond, é uma verdadeira máquina de fazer
dinheiro – por isto, alguns investidores e analistas exigem que a Microsoft
pare de contar seus centavos e retorne parte deles aos seus acionistas. Em
outras palavras, eles dizem que a Microsoft deve compreender que não está
crescendo mais tão rapidamente como costumava fazer anteriormente e está muito
mais próxima de companhias robustas da velha economia como, por exemplo, a
G.E., que paga dividendos a seus acionistas. Os analistas dão o mesmo tipo de
conselho aos primos-ricos da Microsoft, como a
Cisco Systems e a Oracle.
No passado, companhias de tecnologia como a Microsoft
consideravam o pagamento de dividendos uma heresia, e temiam serem taxadas de
antiquadas e sem imaginação, ao invés de ágeis e de crescimento acelerado,
devido ao pagamento de dividendos
trimestrais. O Chefe Executivo da Microsoft ,
Steve Ballmer tem dito repetidamente “de jeito nenhum ", para
a idéia de pagamento de dividendos, ressaltou Paul Dravis, um administrador de
fundos da Dresdner RCM Global Investors em San Francisco.
Os 36 bilhões de dólares na mão da Microsoft em 30 de setembro, de acordo com os últimos resultados apresentados, ultrapassam muito o caixa disponível no balanço de qualquer outra firma dentro dos Estados Unidos, dizem os analistas. A G.E., por exemplo, tem cerca de US$8,8 bilhões em caixa e, similares como a International Business Machines, tem pouco mais de US$ 4 bilhões. O montante acumulado pela Microsoft não pode ser considerado apenas como "uma reserva para tempos ruins," alega o vice-presidente de serviços institucional aos acionistas, Patrick McGurn, "Porquê, se for, eles estão esperando uma coisa muito pior que o dilúvio de Noé”.
A Microsoft
tem diversas opções para vencer os 40 dias de dilúvio. Por exemplo, poderia
utilizar o dinheiro para aquisições ou investimentos mas,
"aquisições não tem sido tradicionalmente o emprego mais usual
para o dinheiro extra da Microsoft”,
observa Rick Sherlund, analista da
Goldman Sachs. Ao invés disto, a Microsoft
prefere comprar pequenos concorrentes e reconstruir novos negócios em cima
deles. Apesar disto, a Microsoft utilizou cerca de 1 bilhão para a compra da
Great Plains Software ano passado. A Microsoft recentemente ofereceu dinheiro
extra para que duas grandes companhias a cabo comprassem
o negócio de cabos da AT&T, simplesmente pela conversão de US$5
bilhões de suas ações preferenciais em ações da nova ATT Comcast.
A Microsoft pode querer conservar algum dinheiro para pagar
despesas judiciais com suas contínuas batalhas
anti-truste . E pode ter, ainda, que encarar uma forte indenização por
parte da União Européia, ainda nesta primavera, e planejar mergulhar dentro de suas reservas para a combater
as indenizações clamadas por instituições americanas privadas anti-truste.
Um plano, ainda em andamento para estes casos, que ainda precisa ser aprovado pelo justiça federal, seria a doação pela Microsoft de Um bilhão de dólares em software e outros serviços para escolas pobres norte-americanas . (Microsoft se ressentiu recentemente, quando um juiz, observando este caso, sugeriu que a Microsoft doasse US$1 bilhão em dinheiro. Os agentes da companhia alegam que os alunos receberiam muito mais valor no software embora, alguns críticos dizem que a empresa cobra muito caro por aquilo que custa tão pouco para ser produzido) perguntado sobre a possibilidade do pagamento de dividendos, o relações públicas da empresa diz: “Isto é uma coisa que a diretoria considera de tempos em tempos” Mas, tradicionalmente, a companhia tem optado por reinvestir o dinheiro dentro da própria companhia, ou comprar de volta suas ações de forma a diminuir a grande diluição do papel causada pelo programa de compra de opções por seus empregados. No último ano fiscal a Microsoft gastou mais de 6 bilhões na recompra de ações.
A Oracle, também acredita que : "É de grande
interesse para os nossos acionistas
que reinvistamos nosso lucros no futuro de nossa companhia " disse o relações
públicas da companhia. Representantes da Oracle
e da Cisco informam que a companhia
não tem planos para iniciar a distribuição de dividendos.
A Microsoft possui caixa suficiente para financiar a
recompra de ações, efetuar
pesquisa e desenvolvimento e o patrocínio de outros programas e assim mesmo,
sobrar muito, muito dinheiro.
Companhias como a Microsoft
são “fábricas de dinheiro” que estão “em fase de amadurecimento”
alega Steve Milunovich, estrategista
de alta tecnologia da Merrill Lynch, em um trabalho publicado a um mês atrás,
que prega que está na hora de firmas de tecnologia começarem a considerar o
pagamento de dividendos.
A Microsof faz
dinheiro muito rapidamente com o lucro recebido dos programas Windows e
MS-Office, dominantes em seu nicho de Mercado, porquê o custo de
desenvolvimento dos programas é mínimo, já que a arquitetura do produto já
está pronta. Nos dias de hoje, a Microsoft está quase somente “ prensando os
CDs dos programas, ao custo de dois centavos o disco. ” alega Milunovich. O
rendimento dos juros recebidos pela aplicação da pilha de dinheiro da
Microsoft representam apenas 19% lucro operacional,
diz a companhia.
A Microsoft está gerando cerca de 1 bilhão de dólares de
fluxo de caixa livre por mês, o que significa que, ela gera algo em torno de 48
bilhões de dólares por ano, diz Sherlund, analista da Goldman "Na verdade, o que eu quero dizer é :quanto
dinheiro a Microsoft realmente precisa ?” argumenta ele, que concorda que a
Microsoft deveria fazer outra coisa com o dinheiro. Pagar dividendos poderia ser
um uso muito eficiente do caixa disponível. Existem poucos investimentos novos
que a Microsoft poderia fazer que acarretariam no aumento da margem de lucros de
seu negócio de softwares,. "É muito difícil replicar um negócio que
possui 90% de margem bruta," diz Tom
Rath, administrador de carteiras e
analista da Safeco Asset Management em Seattle. "É por isto que retornar o
dinheiro aos acionista faz sentido."
A Microsoft não possui capacidade administrativa para
enxergar muitos outros negócios novos, agora que ela encontra-se presente em
quase tudo, de video-games à televisão, ponderam os analistas . A performance
dos últimos investimentos também não é dos melhores. Nos últimos dois
trimestres a Microsoft teve que abater grandes valores em suas demonstrações
para computar os péssimos resultados de seus investimentos, a maioria deles nos
setores de cabo e ações da Internet. Estes descontos no quarto trimestre,
reduziram os lucros da companhia a poucos centavos por ação.
Mr. Milunovich alega que os dividendos poderiam atrair um
novo tipo de investidor, incluindo fundos de pensão mais conservadores e
companhias de seguro. Ele afirma que duas das três maiores firmas de tecnologia
que começaram a pagar dividendos, durante os últimos 20 anos ,
depois de abandonar uma política de não pagamento de dividendos,
conseguiram uma redução no seu índice Preço/Lucro, em relação a seus
concorrentes. Embora esta estatística
possa reforçar o receio da Microsoft em pagar dividendos, Milunovich
acredita que outros fatores podem ter provocado a contração do índice.
Resumo da ópera: "Será que a Microsoft realmente
necessita de seus crescentes 36 bilhões de dólares em dinheiro?" ele
questiona em seu artigo. "Enquanto as leis antitruste do governo americano
permanecerem as mesmas, nós acreditamos que a resposta seja não."
Escreva para Rebecca Buckman em [email protected]
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